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terça-feira, outubro 09, 2007

Em favor da obra única - e contra o plágio!

O que é plágio? Segundo o Houaiss, plagiar é apresentar como de sua autoria obra ou trabalho de outro. Ou ainda, imitar, copiar trabalho alheio. Nos tempos atuais? Mais fácil definir como o abominável hábito de usar as teclas ctrl+c e ctrl+ v sem o devido cuidado de indicar a fonte.

O que hoje em dia é considerado um dos maiores problemas ocasionados pela difusão da internet é, em verdade, uma prática antiga. No século XIX o plágio já era combatido pelos pensadores e cientistas. No Brasil, o código penal de 1940 já trazia em seu bojo a tipificação do plágio no art. 184.

Onde e quando iniciou-se a prática de assumir como seu trabalho de outro? Impossível delimitar. Parece-me tão antiga quanto as primeiras pinturas, ou os primeiros escritos. Na Academia, tem caráter endêmico, difícil livrar-se do "mal costume".

E o que move o homem nesta empreitada maliciosa? Milhões de motivos, com certeza. Prefiro me concentrar nos escritores. Alguns citam o bloqueio mental, outros os curtos prazos, o esquecimento, a preguiça... Acho ainda que talvez seja, principalmente, a necessidade de se mostrar mais inteligente, perspicaz ou talentoso do que realmente é. Ou está.

Quem sabe o ato de plagiar seja derivado de um dos mais famosos pecados capitais: a inveja?!

Não cobiçar a mulher do outro passa a ter, na modernidade, outro significado. O não cobiçar a obra alheia.

Interessante é perceber que a mesma internet que ajuda na disseminação da cópia indiscriminada e sem referências devidas, também tem servido como instrumento de controle dessa mesma prática. Afinal, nenhum plágio tem vida longa diante da sanha perscrutadora dos sites de busca.

Por outro lado, penso que poderíamos amenizar, um pouco que fosse, a tentação do plágio. O princípio é simples. Através da educação. Acredito que as escolas, principalmente do ciclo básico, poderiam dar o pontapé inicial no combate ao plágio.

Ensinar ao aluno a importância de indicar as fontes em que pesquisou para produzir seus trabalhos escolares. Explicar que, ao produzir um texto, ele poderá utilizar trechos de outros autores para fortalecer a sua idéia, mas que a devida referência deve estar presente, além da utilização de aspas para o destaque da produção alheia. E mostrar que bibliografia não é um nome feio ou algo complicado de se fazer, mas apenas a indicação, pura e simples, dos autores que consultou para elaborar seu trabalho.

E, principalmente, ponderar com as crianças o quanto desagradável é você se dedicar para produzir um texto, seja ele prosa, poesia ou qualquer outro, e descobrir mais tarde que alguém está recebendo os louros por um esforço que é seu.

Será esta a solução definitiva? Provavelmente não. Mas talvez ajude um bocado.