Eu adoro a primavera. Por motivos vários. O céu assume tonalidades cada dia mais lindas, os passarinhos me acordam de manhã, a temperatura à noite fica super agradável e os dias são frescos, com um solzinho quente delicioso aquecendo nossos corações. Maravilha!
Quer dizer, a primavera era tudo isso quando eu era criança. Hoje em dia, depende do humor do nosso planetinha que anda cada dia mais desaforado. Essa semana, por exemplo. Enquanto São Paulo e Rio sofriam com aguaceiros, aqui em Salvador fez um calor de rachar coquinho.
A revista Veja publicou uma reportagem sobre as previsões científicas, pessimistas e céticas, sobre as mudanças climáticas em nosso planeta. Como tudo que envolve ciência inclui uma boa dose de discussão e divergência, há dois lados com opiniões bastantes distintas acerca do descongelamento das camadas polares, aumento do nível do mar e conseqüente desaparecimento de cidades, buracos na camada de ozônio, controle de emissão de gases na atmosfera e por aí vai. Uns dizem que, em resumo, o mundo vai se acabar. Outros, os céticos, acham que é tudo muito natural, afinal a Terra já passou por mudanças climáticas antes e espécies de animais desaparecem e surgem desde sempre.
Eu até sou forçada a concordar com os céticos, já que nunca ouvi ninguém dizendo que cria dinossauros ou caça mamutes. Por outro lado, tenho muito bem guardadas na memória as lembranças de veraneios na ilha de Itaparica. E quando eu era criança, minha mãe e várias mulheres na praia usavam coca-cola como bronzeador. Ou aquele que vinha da Argentina e era obrigatório no kit verão: o Rayito de Sol. Hoje em dia, por acaso alguém aí se arrisca a enfrentar uma praiosa sem um protetor solar com FPS no mínimo 15?
Mas eu desviei o caminho. Tudo culpa das enchentes no Sudeste. Ou da seca no Nordeste. O fato é que essa semana, para aproveitar o sol, fizemos vários banhos de piscina aqui na escola. Uma turma por dia e as crianças trouxeram frutas diversas e todos os dias nos fartamos com deliciosas saladas de frutas. Foi divertido. E refrescante.
No final, descobri que as professoras estavam competindo informalmente pelo título de "A melhor salada de frutas". Eu, que não cozinho nadica de nada, nem imaginava que uma merenda tão prosaica podia ter tantas receitas diferentes. Pois tem. A velha salada de frutas que minha mãe fazia tão simples e gostosa quando eu era criança, com as frutinhas básicas - maçã, mamão, abacaxi, melancia e banana - e regada a suco de laranja - para dar o caldo - hoje em dia possui variações high tech. As receitas envolvem frutas como kiwi, morango, goiaba e uvas e o suco de laranja foi substituído por refrigerantes de laranja ou de limão. Mas eu, que provei de todas, é claro, acabei ficando fã de uma que eu nunca podia imaginar ficasse tão saborosa. Depois de cortar todas as frutas em pedaços bem pequenos, é só acrescentar suco artificial de goiaba - em pó - e misturar bem. Não precisa açúcar, porque o suco já é adoçado.
Gostei tanto que resolvi adotar na minha salada, que foi hoje pela manhã. Ficou realmente uma delícia e os meninos se esbaldaram. Mas até chegarem a degustá-la levou um tempinho.
Eu já disse que detesto tudo relacionado a cozinhar. Só que, não me pergunte o motivo, resolvi que hoje ia fazer a salada de frutas eu mesma. Oras, todo mundo fez, achei até que era um disparate pedir ajuda e, além disso, a cozinheira do Tempo Integral chegou atrasada e nem podia assumir o pepino. Ou melhor, o abacaxi.
Daí que lá vou eu descer para a área da piscina com as crianças e toda a parafernália necessária para produzir a bendita salada de frutas. Acredite, comecei a descascar e picar as frutas às sete e trinta da manhã. Às dez os meninos já estavam me rondando com aquela cara de "ai, que fome" e eu ainda nem tinha começado com as bananas e maçãs. Espremer o suco de laranja para o caldo? Tsc, tsc, tsc. Nem de longe eu lembrava disso.
Resultado? Eu não sei como nem porquê, talvez pelas crianças em volta de mim qual lobinhos esfomeados, ou ainda pela minha cara de desespero que não deixava dúvidas de que eu não terminaria aquilo antes das duas horas da tarde - e o horário de saída é às onze e meia - eu sei que de repente apareceram mais dois pares de mãos habilidosas e me tiraram do sufoco em apenas quinze minutos. Acredite. Fizeram em quinze minutos o que eu ainda levaria pelo menos mais três horas, sofrendo muito.
Tá, tá, já sei. Quem mandou eu me atrever a fazer sozinha salada para vinte crianças? Mas eu achei que era fácil. E rápido. E você, que cozinha com uma mão amarrada atrás das costas vai dar uma bela gargalhada e dizer, fácil é, facílimo, mas precisa experiência, né?
sexta-feira, outubro 26, 2007
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