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domingo, agosto 26, 2007

Interessante como a vida da gente pode ser ilustrada a partir de nossas fases musicais. Quer dizer, a minha é (ô, mania de falar pelos outros).

Na tenra infância, quem mandava era A Turma do Balão Mágico. É, eu nunca fui baixinha da Xuxa. Mas sabia de cor todas as músicas do Balão. Naquele tempo, moderno era ter fita cassete. Um pouco antes disso, lembro que eram músicas e historinhas em uma vitrolinha pequena. E tinha uma série de histórias contadas em uns disquinhos vermelhos. Eu fui buscar uma imagem desses disquinhos. E descobri que eles eram de várias cores. Por algum motivo, a minha memória gravou a imagem deles em vermelho. Talvez as minhas historinhas favoritas estivessem nos vermelhos, né?

Lá pelos onze, doze, começaram as festinhas. Nada se compara àquela emoção das primeiras festinhas (talvez só o primeiro sutiã, quem lembra da propaganda?). Lembrar delas hoje me faz dar risadas. Eu fui do tempo em que as meninas sentavam de um lado e os meninos ficavam de outro, vez por outra um servia de cupido para formar os pares. "Pedrinho quer dançar com você, topa?" Risinhos, olhos brilhando e lá ia a sorteada dançar com o Pedrinho. Trilha musical? Supertramp, The Police, Pet Shop Boys, A-Ha, Dire Straits, Men at Work.

Foi nessa época também que eu conheci Elvis, os Beattles, Chico Buarque. Meu pai era fanzão deles. E todas as nossas viagens para a fazenda eram regadas a cantorias super desafinadas. Mas cheias de amor. Saudade dessa época. Muita.

Michael Jackson, dispensa qualquer referência. Tooooooodo mundo o imitava.

Um pouco depois, lá pelos meus catorze, quinze anos, vieram as bandas brasileiras. Barão Vermelho, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Engenheiros do Havaí, 14-Bis, Metrô, Sempre Livre (Eu sou free, sempre free, eu sou free demais...), João Penca e seus miquinhos amestrados, Ultraje a Rigor, e por aí afora. Também os cantores, Lulu Santos, Léo Jaime, Sidney Magal, entre tantos... Tinham toda uma veia cômica e um pouco de crítica ao que ficou conhecido com geração coca-cola (éramos nós e nem sabíamos). Coincidiu com o início de abertura política no país. Eu lembro que fui fazer intercâmbio e quando voltei o Ultraje estrelava a abertura de uma novela onde um rapaz (o maior morenão, diga-se de passagem) aparecia completamente desnudo. E a música gritando em plenos pulmões "pelado, pelado, nu com a mão no bolsooooo". Tomei um susto! Inda mais que estava recém-chegada do puritano sul dos Estados Unidos. Imagine!

Ah, e durante o intercâmbio, dos quinze aos dezesseis? Conheci o Bon Jovi, o Guns n' Roses, o Skid Row, o Milli Vanilli (que depois passaram aquela vergonha ao devolver o Emmy, pois alguém descobriu que a voz não era deles), as meninas da ótima The Bangles, Paula Abdul, George Michael. Eu tive o prazer de assistir a um show do Living Color quando eles ainda tocavam em ginásios de faculdades, para pouquíssimos espectadores. Bem legal! Fiquei instantaneamente apaixonada pelo vocalista com seus longos dreadlocks. Com exceção da Paula Abdul, dá pra perceber a queda roqueira que me acompanharia nos anos seguintes.

Dos dezesseis aos dezoito, dezenove, a minha praia era o rock. Toda essa fase foi acalentada por Janis Joplin (muito), The Doors, Pink Floyd. E também alguma coisa mais "leve", como o REM, Echo and the bunnymen, The Smiths, The Cure, Stevie Wonder. Mas eu nunca consegui ouvir uma linha musical apenas. Daí que além do rock, nessa época nós também fazíamos serestas. Muitas. E todas rechadas de MPB, Raulzito, Geraldo Azevedo e, sempre, Andanças. Uma salada musical. Igual à minha vida. Cheia de nuances.

Terminei o segundo grau. E entre aqueles que ainda estavam no cursinho e os que acabavam de entrar para a faculdade, eu e mais uma porção de amigos éramos groupies de uma banda formada de antigos colegas da escola. Onde os meninos iam tocar, lá estávamos. Todos. Nessa época apenas eu e um colega tínhamos carro. E ajudávamos a transportar a galera. Importante era estar presente aos shows para dar uma força pros rapazes. Cada buraco underground em que esses meninos se apresentavam. Sei não, tem coisas que só a gente sendo jovem mesmo...

Foi quando conheci um outro pessoal. A banda dos meus amigos acabou e eles passaram a tocar em outras. Que tinha os seus próprios groupies. Ampliou-se o meu grupo de amigos roqueiros. Ao mesmo tempo, parte dessa nova turma frequentava um grupo de capoeira. Acredite, eu também fui fazer aulas. E além das rodas de capoeira e dos shows de rock, também íamos juntos para as festas de rua em Salvador (lavagens, carnaval, etc.). A minha vida de capoeirista durou muito pouco tempo, porque hierarquia pra mim tem limite. A gota d'água foi na comemoração de uma das vitórias do Brasil em um dos jogos da copa de 94. Em Salvador, a celebração acontecia com trios elétricos no Farol da Barra. Pois então, estávamos todos lá, dançando e conversando. E eu comecei a ficar incomodada porque toda vez que estava comentando alguma coisa e o mestre de capoeira(que andava no grupo) queria falar, alguém me mandava ficar calada. Depois me disseram que é sinal de respeito fazer silêncio quando o mestre fala. Durante as aulas e em assunto referente à capoeira, vá lá. Mas no meio do maior carnaval com trio elétrico? É demais! Pronto, foi o fim das minhas pretensões capoeirísticas. Resolvi que sou muito insubordinada para certas coisas.

Mas a capoeira me deixou um outro legado. Bob Marley. Pois é, nessa época Marley surgiu para mim. Já na faculdade, o meu grupo de amizades mudou um pouco. Agora, éramos seis. Todas mulheres. Eu dirigia um Kadett e costumava brincar, "se meu kadett falasse...". Nós não perdíamos uma lavagem em Salvador e adjacências. Para quem não sabe, as lavagens são uma ótima desculpa para fazer carnaval antes do carnaval. Começou com a lavagem do Bonfim, que possui uma história toda dela. Mas alguém descobriu que festa de largo com trio elétrico podia dar grana. Mudaram o nome de festa de largo, para lavagem, muito mais moderna, e pronto! Multidões atrás do trio. Começou a ter lavagem de tudo, até de rua. Todas pretexto para vender cerveja e paquerar. E nós, claro, não perdíamos uma! Resultado, a trilha sonora era Marley e a 104 FM, a rádio que tocava só axé music.

Marley também serviu a um dos romances mais deliciosos da minha vida. Com um surfista. Conheci poucos atenciosos e amorosos como ele. Pena que era uns três anos mais novo e eu ainda tinha milhões de "ai, o que os outros vão pensar" na minha cabeça. Foi só um mês. Mas que me deixa suspiros até hoje.

Durante a faculdade fui apresentada a Joyce .

No finzinho da faculdade e de um namoro interminável e que me deixou com gosto de sal na boca, comecei a andar com uma turma nova. Reencontrei amigos queridos dos tempos de escola e que tinham se assumido. Pois lá vou eu conhecer as boates gays. Muita Madonna e todo o revival de dance music (incluindo os discos do Edson Cordeiro). E techno music, que nunca consegui gostar. Essa foi uma das melhores épocas da minha vida. Curti demais. Não queria saber de namorado tão cedo, tinha a minha grana e a liberdade dos recém-formados. Bom mesmo.

Deve ter muito artista que eu curtia e não lembro e por isso não aparece aqui no post. Hoje, posso dizer que o meu gosto musical continua uma salada. Ouço um pouco de tudo. Depende do momento. Há sempre um artista certo para me salvar com suas melodias. Ou me fazer dançar, sorrir, chorar. O fato é que música é tudo de bom!